O Inverno do ano vitícola de 2012 (Dezembro a Fevereiro) foi o mais seco dos últimos 40 anos, o que se refletiu imediatamente na água disponível no solo. Alguma precipitação, em Abril e Maio, atenuou a seca na Quinta Vale D. Maria. Os termómetros marcaram das médias mais baixas dos últimos anos, particularmente nas temperaturas mínimas durante o Inverno, e na temperatura média do Verão. Os meses de Julho e Agosto foram relativamente frescos, com uma média de 23ºC, inferior aos 25ºC em Julho e 25,3ºC em Agosto registados nos últimos 21 anos, o que teve um impacto positivo na vinha e na qualidade das uvas. Um Agosto fresco e um Setembro quente, nas duas primeiras semanas e com dois dias de chuva para o final, originaram variações importantes na evolução da maturação. A vindima começou na Quinta Vale D. Maria a 13 de Setembro e decorreu com uvas em excelentes condições sanitárias e com grande equilíbrio dos diferentes componentes, fazendo de 2012 uma grande vindima.
Origem das uvas: A Vinha do Moinho foi adquirida por Cristiano van Zeller em 2001. Afastada do coração da Quinta Vale D. Maria, esta vinha divide-se em duas partes: uma, virada a Poente, e outra, localizada numa encosta pequenina, virada a Sul. É nesta última, onde se encontra a vinha mais velha, com mais de 80 anos, que se localiza o berço do vinho com o mesmo nome. Com uma altitude entre os 260 e os 305 metros, a Vinha do Moinho, compreende uma profusão de castas, com predominância da Touriga Nacional, Touriga Franca e da Tinta Barroca. Colheita após colheita, o fruto desta vinha especial destacava-se dos restantes lotes da Quinta Vale D. Maria, chamando a atenção de Cristiano van Zeller para algo que sentia como único.
Vinificação e envelhecimento: Maceração e fermentação, em lagar de granito com pisa a pé quatro vezes por dia, até a fermentação malolática terminar. No decorrer da fermentação, as temperaturas estiveram controladas (± 26ºC). O estágio em barricas novas de carvalho Francês, grau extra fino, durante 18 meses, permitiu que este field blend apresente uma grande elegância, complexidade e preservação da fruta, dando assim ao vinho um grande potencial de guarda.
Notas de prova: A cor, com nuances de evolução, introduz um aroma complexo e rico em notas balsâmicas, fumadas e de especiarias, num fundo de fruta madura. Em boca, apresenta-se frutado e cheio, no início da prova. Muito equilibrado, denso e concentrado, os taninos finos, doces e firmes deixam antever uma extraordinária capacidade de guarda. À semelhança do movimento da água, usada nos moinhos, o movimento do tempo, que embala o Vinha do Moinho 2012, irriga uma personalidade inconfundível e um caráter único. Um ADN que nasce nas impressões digitais de um terroir especial, mas que só o tempo consegue moldar.